A ideia de que peixes têm memória de apenas três segundos é um mito popular, mas estudos demostram que a maioria possui uma memória funcional. Peixes-dourados, por exemplo, podem lembrar tarefas por semanas, e espécies como o salmão utilizam memórias complexas para migrações ao longo de anos. Esses exemplos desmentem a noção de que os peixes vivem sem recordações.
Por que surgiu o mito dos três segundos?
Esse mito pode ter se fortalecido em observações superficiais de comportamentos repetitivos, como peixes nadando em círculos em aquários. Além disso, personagens da mídia, como a famosa Dory, do filme Procurando Nemo, contribuíram para perpetuar essa ideia. Dory é retratada como tendo uma “memória de curto prazo”, esquecendo informações quase imediatamente após recebê-las, o que, embora cômico, não reflete o funcionamento real do cérebro dos peixes.
Porém, essa representação foi criada para fins humorísticos e não se baseia em estudos científicos. Na realidade, a memória dos peixes pode ser muito mais sofisticada. Mesmo espécies com cérebros menores são capazes de armazenar informações para sua sobrevivência, como a localização de alimento ou abrigos.
Existem espécies com memória curta?
Algumas espécies, especialmente aquelas que vivem em ambientes com poucas mudanças ou que possuem sistemas nervosos menos desenvolvidos, podem ter memória relativamente curta. Esses peixes dependem mais de instintos imediatos do que de recordações de longo prazo, mas a duração exata de suas memórias varia amplamente e é influenciada por suas necessidades biológicas.
Então, qual animal pode ser comparado a pessoas “memórias-curtas”?
Um exemplo interessante de animal com memória realmente curta são os insetos, como as moscas-das-frutas (Drosophila melanogaster), que têm dificuldade em reter informações por períodos prolongados. Estudos sugerem que suas memórias duram apenas alguns segundos ou minutos, especialmente em tarefas que envolvem estímulos visuais ou olfativos.
Outro exemplo de animal com memória curta são os esquilos terrestres, como o esquilo-cinzento (Sciurus carolinensis). Embora sejam conhecidos por esconder alimentos para o inverno, estudos mostram que eles frequentemente esquecem onde enterraram a comida. Enquanto os peixes demonstram habilidades de memória adaptativa, como recordar trajetos e fontes de alimentos por semanas, os esquilos dependem mais de estratégias instintivas e da quantidade de esconderijos do que de uma memória específica. Essa diferença ilustra como os peixes possuem um desempenho cognitivo mais refinado em situações que exigem lembranças precisas para sobrevivência.
Conclusão
Embora o mito dos três segundos persista, principalmente devido a representações como a de Dory, a ciência mostra que os peixes possuem capacidades cognitivas diversas e, em muitos casos, lembram informações por longos períodos. Com isso, podemos admirar ainda mais esses fascinantes habitantes dos oceanos e rios.
Sendo assim, é incorreto nos referirmos a alguém dizendo-a que possui “memória de peixe”, pois os peixes possuem excelentes memórias. O ideal mesmo é dizermos “memória de mosca” ou “memória de esquilo” (o qual achei muito mais fofo, diga-se de passagem).